quinta-feira, 15 de setembro de 2011

UMA HISTÓRINHA PRA VOCÊS...


A CRIANÇA ENTRA E COMEÇA A FALAR COM O PÚBLICO SEM ENTENDER NADA QUE ESTÁ ACONTECENDO COM ELA.

Eu to muito triste! Tudo tá muito estranho. Sinto falta das brincadeiras na casa da minha avó, dos dias das mães, dos aniversários, dos almoços de domingo, das festas de Santa Rita de Cássia... Minha mãe comprava roupa nova pra gente, meu avô pegava seu saquinho de café, onde ele guardava um dinheirinho e dava sempre um pouco pra cada um de seus netos, pra gente comer maçã do amor, comprar estalinho (aquelas trouxinhas de papel com pólvora que a gente joga no chão faz um explode!), pra brincar nos parquinhos... Ai! Que saudade das fogueiras que eu ascendia com meus primos, das comidinhas que fazíamos nessas fogueiras...
A fumaça ia pra roupas lavadas da minha avó e ela ficava brava com aquilo. Minha avó reclamava com meu avô e ele saia correndo atrás da gente! A gente adorava! Era emocionante sair correndo com a sensação de ter alguém quase alcançando a gente! Quase! Porque na maioria das vezes meu avô não alcançava nenhum de nós!
Mas hoje, eu não sei o que está acontecendo. Eu acho que a minha família não gosta mais de mim. Eu falo com eles, mas eles não me respondem, eu faço barulho, pulo, corro, faço de tudo pra chamar a atenção deles, mas não adianta. Às vezes eu deito do lado da minha mãe, na hora de dormir, faço carinho nela, dou beijinhos, mas ela não gosta. Começa a chorar, então eu paro e volto pra minha cama, que está sempre arrumadinha. Os meus brinquedos, que espalho pela casa, acabam sempre voltando pro lugar, a Fran sempre guarda tudo pra mim. Ela é a minha babá. A única que eu acho que gosta de mim, porque ela conversa comigo, diz que vai ficar tudo bem. Mas eu não estou mais agüentando, desde que eu desobedeci a minha mãe e fui brincar no poço do jardim, ninguém mais me trata bem. Eu sempre peço desculpas, imploro pra me perdoarem, juro que nunca mais vou fazer de novo, mas não adianta, eles começam a chorar e me ignoram. Não sei mais o que eu faço! Me sinto muito sozinha! Eu não devia ter ido brincar no poço! Fiz coisa feia!
Minha mãe sempre me dizia pra eu não brincar no poço que era perigoso e eu desobedeci! Ela dizia que quem desobedece sempre se dá mal!  E é “batata”! Eu aproveitei que a Fran tava fazendo o um almoço e fui brincar no poço, só que estava escorregadio e aí eu caí. Senti uma dor muito, muito forte, uma dor que nunca senti antes, gritei muito, mas aí de repente eu durmi e a dor passou. Eu acordei numa cama com um monte de médicos em volta de mim. Um deles vem me visitar todos os dias. Se chama Emmanuel e mora num lugar muito distante. Vive pedindo pra eu ir lá conhecer sua casa. Eu bem queria ir, mas vou ficar com muitas saudades de todo mundo aqui. Prometi que hoje ia passar o dia com ele, mas ele não apareceu até agora. Será que ele me esqueceu, será que ele também não gosta de mim?
Ih olha ele ali! (Não aparece ninguém.) Oi Emmanuel, to aqui! Pensei que você não vinha mais, pensei que tinha esquecido de mim!
O que?! Ai, eu não quero ir não! Porque eu tenho que embora? Minha mãe não gosta mais de mim, ninguém gosta... (chora) É! Ah, então ta, então eu vou! Perai deixa eu me despedir dos meus amigos...
(platéia) Tchau amiguinhos! O Emmanuel disse que eu vou pra um lugar muito legal, bonito e com muitos bichinhos e muitas crianças pra brincar comigo. Disse também que eu vou aprender muito e que um dia eu vou entender porque minha mãe, meu pai e todo mundo da minha família pararam de falar comigo e porque eles choram tanto. Mas me disse também que vai ficar tudo bem e que minha mãe vai me encontrar em breve. (grita pro nada) Já vou Emmanuel!
Tenho que ir amiguinhos! Tchau!

SAI DE CENA.

(Thalita Rocha, julho de 2007.)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

CIÚME

Ciúme é um dos piores sentimentos que o ser humano pode ter. O ciúme corrói. Faz surgir pensamentos jamais tidos antes. O ciúme tem o poder de mudar a índole do indivíduo, a maneira dele agir, de se comportar diante as mais simples situações.
Quando um ser está corrompido, possuído por esse sentimento, fica cego, surdo, porém, jamais mudo... Esse ser é capaz de tudo, ele perde o senso de limite, porque o ciúme domina as pessoas. Mas ao mesmo tempo, o ciúme em sua dose adequada pode se tornar "algo a mais" na relação e torna-la mais saborosa.
Às vezes é bom sentir que a qualquer momento você pode perder aquela pessoa... ajuda a ter mais certeza do seu sentimento por ela. MAS CUIDADO!!! Saber dosar é essencial para que haja a possibilidade do ciúme te corromper. É um sentimento perigoso, traiçoeiro e a qualquer momento pode te possuir sem dó nem piedade. (Thalita Rocha - 28/06/2006)